Qual é o seu ponto forte?
Todos nós temos muitos pontos fortes sejam no campo profissional, no
campo dos relacionamentos, dons para certo tipo de assunto, arte, aptidões
várias que são sempre tão pessoais e individuais. São aquelas áreas de nossas
atividades que transitamos com desenvoltura. Temos conhecimento do chão. Não
temos medo de falar sobre eles. Amamos estar com quem também os aprecia.
Temos sempre uma porção de causos e peculiaridades pra compartilhar. É a nossa
zona de conforto. Paradoxalmente essas
áreas são também os nossos pontos fracos. Quando alguém ou algo nos atinge em
geral é bem ali, nos nossos pontos fortes. E sejam com palavras ou atitudes
traiçoeiras, nossa certeza se fragiliza. Demoramos muito para compreendermos o
que se passou. Nossa área de conforto sobre assuntos de nosso domínio é sempre
blindada pela nossa pseudo certeza. Ali incautamente abrimos a guarda para
situações de risco, pessoas que tem poder afetivo ou a quem delegamos nossa
confiança para transitar sem receios. Ali essas pessoas nem sempre
compreendendo a importância daquela atitude de confiança agem sem a ética esperada
e atingem o coração da nossa confiança e abalam a nossa certeza. O mais incrível é que nem sempre percebemos como o fato se deu. Pra ilustrar o assunto trago aqui um caso:
Conheci um casal cuja esposa muito esforçada e consciente
das limitações financeiras do marido em manter a casa com seu limitado salário se
propunha a fazer uma série de trabalhos além de suas condições físicas e
culturais, só para não ouvi-lo se lamentar do quanto ele estava sem reservas
financeiras por ter tido a decisão de se casar. Ele oscilava entre desejar que
ela enfrentasse aqueles trabalhos mais pesados pra receber uns trocados e o
outro lado dela estar em busca de um trabalho mais ao nível de sua formação e
intelectualidade. Quando ela se aprumava e dizia:”Vou trabalhar na minha área.
Vou investir meu tempo e raciocínio em buscar oportunidades na minha área.” À principio
o marido dava força, mas em menos de cinco dias voltava a pressioná-la que o
que ele queria ver era dinheiro e rápido, pois o problema financeiro da casa
era imediato. E lá ia a minha amiga a buscar outro sub-emprego imediato e se
distanciava de seu projeto de se desempenhar em sua área por absoluta falta de
tempo e inspiração, quando voltava cansada pra casa. Certa ocasião essa minha
amiga arrumou outra amiga que também tinha a mesma formação e o mesmo sonho de
trabalhar na mesma área. As duas animadas iam fazendo projetos, desenhando
roteiros, lendo matérias, criando blog, etc... para darem condições ao projeto
de trabalharem juntas.
O marido da primeira não gostou. Sob sua ótica aquela amiga estava desviando o caminho de sua esposa. Além do mais ele notava uma incomoda sincronia entre as duas. Elas não se aborreciam em ficar por horas conversando e trabalhando no computador juntas. Nas horas vagas iam para lojas pesquisar materiais e assuntos para seus intentos conjuntos. Foi aí que o marido da primeira voltou a pressionar com insistência sua esposa a produzir com rapidez dinheiro. Ela angustiada aceitou o primeiro trabalho que apareceu, pra ganhar pouco, mas a absorvia a maior parte do dia. A parte que sobrava ela tinha seus afazeres domésticos. Daí, pouco ou nada sobrava pra criar ou pensar no seu projeto de independência profissional “idealizado”. Ela se sentia em falta com o marido e assim ela foi de novo trabalhar em algo que não a satisfazia nem financeiramente nem psicologicamente. Ela se sentia em falta com a companheira propensa a ser sua sócia pois elas haviam planejado alternância nos trabalhos criativos das paginas digitais, mas ela estava totalmente desernegizada seja pelo acúmulo de trabalho tanto o quanto pela falta de foco. Ela não tinha nem tempo nem concentração. Quando sentava no computador para tentar escrever o marido enciumado logo vinha perguntando o que tanto ela estaria sentada “de novo” no computador, como se o computador fosse mais um ladrão de sua esposa. E aí, sem muito o que ter mais de falar ela já não tinha mais tempo nem paciência para seus sonhos de resgate profissional. Com muito pouco a justificar buscou razões pra abandonar aquele projeto e causou razões pra sua companheira não mais querer estar ali. O projeto se implodiu. Entre seus ideais e os do marido, optou pelos ideais do marido, que naquele momento era apartá-la da amiga.
Assim se deu a quebra de um bom projeto instalado no ponto forte de duas amigas
por um ataque certeiro ao ponto fraco (honra), de maneira sorrateira, pois
aparentemente seria uma necessidade financeira, mas na realidade era a
necessidade de não deixar aquele sonho progredir. Seria o que?
No momento aquela minha amiga está iniciando outro caminho
profissional nada confortável pois não é uma área de seu conhecimento, nem
seria um campo de seus pontos fortes. Quem escolheu foi o marido. Ele vai estar
financiando e gerenciando o seu trabalho, até que ela se apaixone pelo assunto,
se debruce com afinco, ai ele vai se enciumar de novo... e bem possivelmente
dinamitará o caminho com pressões aos pontos fracos daquela fortaleza.
Em resumo, acho que temos de ser bem discretas quanto aos
nossos pontos fortes pois eles mesmos são nossos pontos fracos. E quando alguém
“autorizado” transita em nossa vida pode dinamitar nosso ponto forte pois é ele
o nosso ponto fraco e assim ficamos totalmente indefesas.
SAM




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